Depois da Chuva não é um filme facilmente digerível para o público ocidental. Ele mostra a transição que o Japão vivia no século 18, do luxo da Era de Genroku (1688-1703) para a simplicidade da Era Kyocho (1716-1735). O próprio Kurosawa escreveu no roteiro que os personagens “vivem na Era Kyocho. A Era Genroku havia ficado para trás, com suas guerras civis e seu luxo extravagante. O povo entrou na Era Kyocho com um grande respeito pela franca simplicidade, pois estava cansado deste excesso e desejoso de deixar tudo isso para trás. Essa é a história desta Era.” Como se percebe, trata-se de um universo de difícil assimilação para quem não é familiarizado com a cultura oriental. A narrativa do filme também segue a estética japonesa, em que o roteiro é apresentado ao público sob a forma de um grande quebra-cabeças, cujas peças se encaixam de forma lenta e gradativa. Ou talvez nem se encaixem. Por tudo isso, Depois da Chuva é um filme para platéias especiais, que exige esforço e atenção para ser compreendido. Ou simplesmente sentido.

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